quarta-feira, 3 de março de 2010

divã

As unhas meio comidas, o anel predileto no dedo indicador. Lá fora, a cidade passava no início de seu descanso, enquanto a caneta deslizava em garranchos no caderninho. Nunca foi uma garota de contos. Sempre gostou das emoções sentidas, dos beijos beijados, dos abraços dados. Não se importava com o sacolejo do ônibus: a música tocava calma em seus fones de ouvido e usava seus sapatos mais confortáveis. Ela gostava de seu trajeto para casa, era um momento só seu. Era ela, sua playlist infinita, um livro embaixo do braço e o bloquinho de notas. Melhor do que em um divã, na folha em branco, ela se descascava em pingos dos ís e em curvas dos cês.

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