quarta-feira, 19 de maio de 2010

Eu tive um balão...

Talvez, a última vez que me senti verdadeiramente feliz foi quando eu ganhei um balão. Aos 20 anos, saía de um dia desastroso no trabalho quando me deparei com um moço me esperando e, surpreendentemente, segurando um balão rosa. Não consegui olhar para nenhum outro lugar além daquela bola flutuante. Senti, assim, sem querer, os meus olhos brilhando diante de uma cena tão improvável. Depois, dei risada ao ver o marmanjo pulando para conseguir resgatar mais dois balões que estavam perdidos no teto da entrada do prédio. Fui caminhando até o ponto de ônibus ostentando três bolas rosas. Andava com o peito estufado e não conseguia tirar os olhos deles. Lembrei-me da infância, das enormes bolas que eu comprava quando ia ao Parque do Carmo, do meu medo de bexigas, dos meus dias mais pueris. "Eu os peguei para que você pudesse soltá-los". Comprei um alfajor e, enquanto atravessava a avenida Cidade Jardim, decidi dar a liberdade ao trio que alegrou o meu domingo desastroso. No canteiro central, eu os vi flutuar até bem alto, até eles fugirem do alcance da minha visão debilititada pela miopia. Enquanto terminava o meu doce, o moço apontava para o céu dizendo que ainda conseguia vê-los. Já eu não me importava mais aonde eles estavam, continuei deliciando-me com a lembrança de como tinha sido feliz enquanto tive aqueles três balões rosa.


Um comentário:

Khronos disse...

Sabe que o melhor do que ser olhado como se eu fosse um demente, segurando um balão no escuro pelas outras pessoas, é te ver sorrindo, sem conseguir entender a cena e aquele sorriso enorme se abrindo ao receber uma pequenina coisa de plástico.
Espero ainda te dar muitos balões e trazer mais ainda, aquele sorriso, com ou sem a força do hélio que os mantém voando.
Obrigado pelos seus abraços.. Eles são os meus balões coloridos em dias chuvosos.