às vezes ele fazia questão de segurar a mão da melancolia. estimulado pela música que tocava no rádio, tentava pensar em outros coisas além dos problemas profissionais e amorosos. ao apagar um cigarro, seu corpo já pedia outro. era aquela ânsia de mergulhar em si, de sentir-se aprofundar. a fumaça passava por seus pulmões e o fazia tocar o imundo. ao deixar-se levar pelos males, conseguia se enxergar melhor. era assim que funcionava a sua meditação. tragava, expirava, tragava, apagava. o cheiro de tabaco despertava sensações familiares. era o cheiro que exalava do cabelo daquela moça. olhos lânguidos, pele branca, cabelos levemente loiros. não era bonita, mas algo em seu jeito de olhar, em seu sorriso. levantara-se. o corpo magro dentro de uma calça jeans surrada, descalços. as mãos tomaram a posição inicial e rodopiou. o passo não dera certo, mas, também, há quanto tempo não dançava? aumentou o volume da música. Interpol no rádio, melancolia no coração. acendeu mais um cigarro e deixou-se levar por sua contemplação.
terça-feira, 29 de junho de 2010
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Um comentário:
Essa coisa da melancolia aparente ou não, que sempre transborda pelos dedos é algo tão... Bonito e triste.. É a dependencia que se cria num cigarro, numa música ou num sorriso... São coisas boas que machucam quando não estão ali para saciar aquela vontade toda de ter...
Lindo...faça maiores, sim?
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